ANÁLISE DE INFORMAÇÕES

Gestão da Tecnologia Alemã


Há 821 anos, o porto de Hamburgo é o principal porto da Alemanha e o segundo maior da Europa, localizado no Rio Elba, com uma extensa área de 75km². É considerado a principal entrada para o café e outros produtos brasileiros no país alemão. Isso que é de suma importância para a exportação brasileira. Os produtos e mercadorias brasileiras saem do Porto de Santos, o maior do Brasil, existente desde 1892. Localizado entre as duas margens do estuário da cidade, conta com 12km de cais, fazendo uma conexão direta entre ambos os países.
Ao longo dos anos, a Alemanha vem se destacando na tecnologia de ponta e serviços logísticos, o que vem à auxiliar e melhorar a logística no Brasil. Devido à estreita relação entre o Brasil e o país germânico, nesse ramo, nosso país progrediu no mesmo aspecto. Ainda que não seja considerada produtora, sua eficiência logística conquistou o mercado mundial, forçando os investidores brasileiros a terem uma nova visão do mercado, já que o Brasil é o maior produtor de café e não consegue suprir a demanda do mercado.
Após analisarem a atual situação portuária brasileira, o governo e o empresariado brasileiro se uniram e visitaram aos portos alemães no Encontro Econômico Brasil-Alemanha. Ali, conheceram as tecnologias do país alemão na operação e dragagem portuária e buscaram oportunidades de cooperação para construção naval. Visando a atrair investimentos para setor portuário brasileiro, que movimenta, anualmente, cerca de 700 milhões de toneladas e responde por mais de 90% das exportações do país, esse encontro teve o intuito de modernizar as estruturas e aperfeiçoar a cadeia logística brasileira, facilitando o escoamento da produção.
Portanto, além de melhorar a logística brasileira, hoje a tecnologia se tornou imprescindível em qualquer mercado mundial, pois se torna um diferencial estratégico, financeiro e operacional nas organizações, facilitando parcerias e acordos em níveis mundiais.

                                                                    Porto de Hamburgo
Fonte: www.google.com.br


Porto de Santos - São Paulo
Fonte: www.google.com.br

Desenvolvimento Sustentável Aplicado a Cafeicultura
O desenvolvimento sustentável é aplicado para beneficiar a cafeicultura tanto pelo lado ecológico quanto pelo econômico. Para isso os produtores vêm utilizando técnicas e recursos como: a fertirrigação, a reutilização da água por até cinco vezes na lavagem do café e a utilização da mesma como adubo. Esses sistemas proporcionam um maior valor de mercado ao produto final, pois a economia e o reaproveitamento da água são itens valorizados pelas diversas certificações de café existentes no mundo.
A Fazenda Recanto, da entrevistada Maria Selma Magalhães, possui o selo de certificação internacional Rainforest Alliance, que adota práticas sustentáveis.
Quanto às políticas ambientais, a fazenda preserva áreas de mata nativa para manter e aumentar a biodiversidade no local o que favorece o equilíbrio ecológico e diminui o combate químico às pragas. Além disso, todo o lixo da fazenda é recolhido e reciclado, e para isso foram promovidas palestras de conscientização não só aos trabalhadores da fazenda, como também aos moradores de uma comunidade vizinha. A Recanto, então, tornou-se responsável pelo recolhimento do lixo dos vizinhos.
A fazenda promove políticas sociais visando o bem estar do seu trabalhador. A Recanto se compromete a criar um ambiente seguro e saudável e para isso oferecemos cursos que aprimoram as técnicas e conscientizam nossos trabalhadores e famílias. Alguns dos cursos são ministrados exclusivamente para as mulheres, tais como: reaproveitamento de alimentos e oficinas de artesanato. E, principalmente, existe um cuidado para que nossos trabalhadores estejam sempre motivados.




Mapeando as Exportações e as Tecnologias Alemãs

Em questionário aplicado à produtora de café Maria Selma Magalhães e ao Trader Gustavo Moretti funcionário da Ecomtrading, via e-mail, respectivamente em 23 e 31 de março de 2011, analisamos o destaque mundial da Alemanha nas exportações de café. Verificamos como o país, sem produzir um único pé de café, conseguiu alcançar uma posição expressiva no mundo da cafeicultura. Assim podemos conhecer mais sobre as tecnologias utilizadas.
Perguntada sobre quais são os pontos negativos e positivos da produção de café em sua região (Sul de Minas), Maria Selma Magalhães afirma que o alto custo de produção e escassez de mão-de-obra são os pontos negativos. Em contrapartida a região tem relevo e clima favoráveis, que propiciam uma produção de alta qualidade, bem como o produto tem grande demanda no mercado.                                                                          
Questionados sobre quais tecnologias poderiam ser implantadas na cafeicultura brasileira, o Trader Gustavo Moretti, afirma que a agricultura brasileira é uma das mais modernas em tecnologia. Fruto desse grande investimento tecnológico, a produtividade saca por hectare vem aumentando ano a ano, completa.
Pode-se verificar que efetivamente existe uma modernização tecnológica, pois a irrigação, por exemplo, possibilitou que áreas não produtivas passassem a ser cultiváveis.

Colheitadeiras Mecânicas e Pivô de Irrigação

Pivô de Irrigação

Para Maria Selma Magalhães, deveria haver melhor uso de colheitadeiras mecânicas na produção. No processo de pós-colheita, poderiam ser implantadas novas tecnologias para o café descascado (lavado, despolpado). Nesse sentido, pode-se dizer que as colheitadeiras mecânicas utilizadas em terrenos planos não ultrapassam 15% de declividade, assim por uma topografia montanhosa a colheitadeira não pode ser utilizada em toda a lavoura.
Quando se buscou saber o que os entrevistados achavam sobre a exportação brasileira do café beneficiado, Moretti afirma que o Brasil já exporta esse gênero de café, em sua grande parte solubilizado. Os dados abaixo comprovam a afirmação, sobre as exportações brasileiras de café solúvel, vejamos:



Já o café torrado e moído, segundo ele, é mais difícil, por limitar o prazo útil de consumo em 180 dias da data de fabricação (torra). Para Moretti, pode continuar havendo incrementos no café torrado e moído, mas de forma tímida. De fato, as exportações de café beneficiado são mínimas, pois o Brasil não possui eficiência em sua logística, para distribuir e vender toda a produção do café em 180 dias.
Já Magalhães conclui que, com os baixos estoques mundiais e a diminuição da colheita nos outros países produtores, o Brasil poderá alavancar as suas exportações de café beneficiado. Pode-se verificar que efetivamente existem baixos estoques mundiais e diminuição da colheita nos outros países produtores (Colômbia, Vietnã), conforme se destaca a seguir a produção e exportação mundial de café (volume em mil sacas de 60 kg):

Produção Total dos Países Exportadores de Café


Anos                      2005               2006              2007              2008           2009         2010
Angola                25                     35                     36                       38                   13                  Bolívia                          129                  164                   133                     135                 142                   140
Brasil                       32 944             42 512              36 070                45 992           3 9470               48 035
Camarões                     849                  836                   795                    750                 736                   750
Colômbia                 12 564             12 541              12 504                 8 664              8 098                9 200
Congo                            336                 378                    416                   415                 341                   350
Costa Rica                  1 778              1 580                 1 791               1 320               1 450                1 490
Cuba                             125                  100                      70                  127                    60                   108
Equador                    1 120                1 167                1 110                   691                 813                    900
El Salvador               1 502                 1 252               1 505                1 450               1 065                 1 365
Etiópia                     4 779                  5 551               5 967                4 949               6 931                 7 450
Guatemala              3 676                  3 950               4 100                3 785               3 835                 4 000
Honduras                3 204                  3 461               3 842                3 450               3 575                 3 830
Índia                       4 090                   4 563               4 319                3 950               4 823                 4 733
Indonésia               9 159                    7 483               7 777               9 612              11 380                 8 500
México                  4 225                     4 200              4 150                4 615                4 200                 4 400
Nicarágua             1 489                      1 425             1 903                1 442                1 831                 1 536
Peru                      2 489                      4 319             3 063                3 872                 3 286                 3 718
Filipinas                   309                         298                 431                  285                      13                     383
Tanzânia                  804                         822                  810              1186                     709                     917
Tailândia                 999                         766                  653                675                      794                     752
Uganda                2 159                      2 700               3 250             3 197                    2 797                 3 100
Venezuela           1 506                       1 571              1 520                 932                    1 669                   700
Vietnã               13 842                     19 340            16 467             18 500                  18 200             18 500

FONTE: <www.abic.com.br> <www.ico.org/>
Na opinião dos entrevistados, o Brasil pode aprimorar os seus métodos produtivos para alavancar as suas exportações e, conforme Moretti, o país vem se aprimorando ano a ano. No café, especificamente, a resposta tecnológica mais competitiva, segundo ele, tem sido a mecanização dos processos e a produção em áreas planas ou menos acidentadas. Realmente, veja-se que há tempos produzia-se somente em montanhas.
Moretti assegura que a questão da produtividade tem tido uma resposta espetacular e a média de produtividade, hoje em torno de 22 sacas por hectare. Nos anos 90 era abaixo de 14 sacas por hectare, como se comprova no gráfico abaixo. Para Magalhães, usar mecanismos que possam melhorar a qualidade do produto final poderia aumentar as exportações brasileiras.
Direcionamos, também, os nossos questionamentos sobre o comércio exterior de café. E, quando se perguntou qual o volume de importação de café da Alemanha, em relação ao Brasil, e que posição que a Alemanha ocupa, no cenário das importações de café brasileiro, Moretti respondeu que a Alemanha importa em torno de 06 (seis) milhões de sacas, por ano, do Brasil, e é o maior importador do café brasileiro (dados de 2010, destacados logo abaixo).
Exportação Brasileira de Café Verde – Principais Países Importadores

Países                             Jan a Julho/10                      Jan a Julho/09
                                                             Vol (ton)                                    Vol (ton)
         Alemanha                                      188.937                                               196.510
         EUA                                              173.862                                               187.392
         Itália                                                81.007                                      82.437
         Japão                                               60.869                                      68.225
         Bélgica                                            61.002                                        66.273
         Espanha                                           26.946                                        80.906
                     Venezuela                                       16.800                                              -
                     Suécia                                             22.194                                         22.113
         França                                             21.028                                         25.387
         Eslovênia                                        21.257                                         23.208
         Finlândia                                         14.918                                         16.543
         P. Baixos                                         15.590                                         13.142
        Argentina                                         18.840                                          17.948
        Reino Unido                                     13.056                                          14.263
        Russia                                               12.643                                            7.844
        Outros Países                                  154.625                                        145.739
                    Total                                               903.594                                        917.930
Com base nesses dados, questionamos como a Alemanha sem produzir um pé de café, ocupa uma posição tão expressiva no cenário das exportações do produto.  Nesse sentido, Moretti refere-se à Alemanha como um enorme parque tecnológico com destaque em seus maquinários industriais. Afirma que todos são desenvolvidos em sua moderna indústria, que tem grande potencial financeiro, financiando seus clientes e entregando a eles café beneficiado.
Para Moretti, o processo de beneficiamento de café, que exige a torrefação/moagem é relativamente simples e destaca que em uma padaria podemos ter uma pequena beneficiadora/torrefadora de café - em quase todo território Europeu. Na torrefação coloca-se o café verde no elevador de café cru, o qual transportará a matéria-prima ao torrador. No torrador, o café passa pelo tratamento térmico a uma temperatura de 200°C, num tempo de torra de no máximo 25 minutos, para adquirir as características desejadas. Uma vez torrado, o café será resfriado por até 5 minutos e, depois, moído. Assim o produto estará finalizado.

Máquina de Torrefação/Moagem de Café

Assim, para ele, o diferencial dos germânicos é a ousadia comercial. Com a agressividade empreendedora, a força financeira e a tradição, conquistaram o mercado Europeu e, por essas razões, ocupa o primeiro lugar das importações brasileiras de café. Entretanto, Moretti pondera ainda que, para atingir esse posto, os alemães usaram grandes estratégias de marketing, aproximando-se de grandes grupos de supermercados do Leste Europeu, um mercado cada vez mais crescente.


Outra grande vantagem alemã é a sua logística altamente desenvolvida. Por ter uma posição estratégica no centro do continente europeu e uma vasta malha rodoviária, ferroviária, um dos principais aeroportos do mundo e o rio Danúbio cruzando o seu território, ela consegue entregar em tempo hábil o café, em qualquer país europeu em questão de horas.

Rodóvia Alemã (Autobahn)


Porto de Hamburgo


Aeroporto de Frankfurt

Os dados representados graficamente abaixo comprovam a posição do Brasil como maior produtor e maior exportador de café no mundo.

                                              Quantidade de Café Exportada pelo Brasil

Fonte: Ecomtrading

 
No cenário mundial do setor, acrescenta Moretti, Minas Gerais é responsável por mais de 50% da produção brasileira, sendo, portanto, o maior exportador, afirma. Se compararmos a produção e exportação mineiras, o estado ocupa posição de destaque, pois produz bem mais que o Vietnã, país da 2ª colocação na produção de café no mundo (NEVES, 1974), conforme se vê abaixo:


Nesse sentido, podemos perceber a parcela importante que o café simboliza na economia brasileira e principalmente em Minas Gerais que produz mais que o segundo maior produtor, Vietnã.